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terça-feira, 24 de abril de 2012

DESENCONTROS DA VIDA

A chuva caía, lenta e compassada, o vento lançava contra mim, folhas tão perdidas quanto eu, mãos nos bolsos, para evitar o frio que se faz sentir, caminho avenida abaixo, o chão molhado, reflete o colorido da cidade, de repente sinto o odor reconfortante de café, do lado esquerdo está um café, olho o nome e penso: é este, entro, o ambiente é muito acolhedor, sento-me numa mesa que está mais ao canto, os meus olhos percorrem o espaço admirando a beleza do seu interior, o empregado aborda-me simpaticamente perguntando o que eu desejava, sem exitação peço um café, que rapidamente me é servido. Numa mesa junto á montra fustigada pela chuva, chama-me a atenção uma bonita mulher que está só, terá perto dos 35 anos, tem um ar ansioso, em cima da sua mesa tem um maço de tabaco que a sua mão vira vezes sem conta, as pernas cruzadas percorrem um constante vai-vem, tem uma revista que desfolha rapidamente sem tempo para ler seja o que for, vezes sem conta espreita na direcção da porta como se esperasse alguém...Sem saber bem porquê fixo a minha atenção neste quadro, passado algum tempo, reparo que um homem se dirige á sua mesa, ela não consegue disfarçar o seu nervossismo, durante o tempo que esse homem percorre o caminho até a mesa, ela passa vezes sem conta a mão no cabelo como que tentando desesperadamente embelezalo, a sua face ruboriza, ao mesmo tempo que não esconde a satisfação da chegada dele. Trocam cumprimentos e conversam durante algum tempo parecendo haver entre eles alguma intimidade, reparo depois que entretanto ele segura as mãos dela, trocam olhares demorados, até que surge o beijo pelo qual ela parecia ansiar durante todo aquele tempo. Passado algum tempo saem os dois abraçados. Não consigo deixar de sentir contentamento pela forma como aquele momento termina. No meio da parede principal da sala está um relógio, sem me aperceber não dei pelo tempo que entretanto tinha passado, e dou comigo a olhar para a porta vezes sem conta, a tentar espreitar pela montra,  os meus dedos cavalgam nervosamente a mesa, o café vai esvaziando até apenas restar eu, até que me levanto,  passo pela mesa da bonita mulher que eu estivera a observar, e esboço um sorriso triste, por quem eu esperava ansiosamente não apareceu.

(Pequena história de ficção)

Carlos Magalhães

2 comentários:

São disse...

A espera é sempre angustiante, se em vão..frustante.

Um abraço

Anónimo disse...

Simplismente emocionante!Adorei!!!